POR QUE EU
VIVO
A vida, o fato de eu viver, é a satisfação de um desejo de Deus, não meu.
Todos os desejos são decorrentes da vida, destarte, eu não poderia querer viver
se eu, sequer existia.
Deus, tendo o projeto de povoar o 3º planeta mais distante do sol, me
trouxe à existência.
Para satisfazer Seu interesse, me criou. Isso era interesse Seu. Para me
satisfazer, o que importa é qualidade de vida. Que faria Deus para eu fazer do Seu
projeto um interesse meu? Ele criou condições para me interessar, condições tão
propícias das quais Ele mesmo Se servia.
No melhor da física criou a luz que é uma parábola de Si mesmo e
revelaria a beleza do que estava para criar e já existia em Sua mente. Sem luz não
se veria fauna e flora e tudo que se possa imaginar.
Não satisfeito, Ele me dividiu em dois, para que uma parte se atraísse pela
outra e por ela se interessasse tanto como por si mesma. Isso fez com graça e
encantos. A vida que tinha, Ele me dera, e me fez capaz de, também partilhar a
minha vida, me fazendo parecer Consigo. Assim fiquei sabendo quanto vale uma
vida.
Criou-me, com viés metafísico pelo qual Se comunica comigo, mesmo
interrompida a comunhão física, e permite a imaginação do que não tem existência
material.
Diante disso aceitei integrar-me ao projeto, que contendo elementos de
meu interesse deram qualidade à vida.
Mas vacilei. Confesso que vacilei. Num lapso de incúria, agi como se
tudo fosse menos do que merecia e mais, que era possível superar-me. Não passou
de uma traiçoeira fantasia, me dei mal – falsidades e Intrigas de meu sedutor,
com requinte de ilusionismo e magia, somados a responsabilidade minha mesmo –
me dei mal, além do limite de remediar; de fato eu me tornei cúmplice de um
rebelde e quando cuidei que era seu parceiro é que descobri sua traição: fez-me
escravo; quando pensava que estava agindo por minha vontade, ilusão, era a vontade
dele. Nessa negociata eu me vendera. Agora eu pertencia a ele. Eu, na essência do
ser – a vida.
Fui excluído
do projeto. Minha condição desesperadora me levou à resignação: não vi mais
valor na vida. De verdade, minha vida não valia mais nada, até por que, já não me
pertencia mais. Pior: como no início, eu nem tinha como querer viver.
Aí, então vi a sobressalente intenção de meu Criador, mostrou-me um
plano B paralelo, uma rede de trapézio: uma providencia que me surpreendeu e
decepcionou meu sedutor. (Sim, ele não esperava por essa): Como manter-me vivo?
Ele mesmo se tornaria transgressor?
No contrato que celebramos, por certa atitude minha, estava entendido
que eu voltaria à inexistência, de onde nunca mais iria emergir. Então,
absurdo, escândalo, loucura: ele tirou sua própria vida, como fizera ao me
criar, mas agora, tirou-a toda - Ele morreu. Numa palavra: substituição. Restitui-me
o direito de viver; reabilitou-me a visão do belo.
É por isto que eu vivo!
PS. Se surgir a ideia de interromper
a vida, lembre-se: Ele pode lhe mostrar a razão de viver. Se não aceitar isso
agora, de qualquer jeito, um dia verá de novo essa razão de viver, mas já tarde
demais.