Amanheceu!
Desculpe, não
amanheceu ainda; quase amanheceu.
Para mim amanheceu
mais cedo. Para mim e para um coro altissonante de galos que violenta o silêncio
dos primeiros ouvidos na madrugada.
É um coro monótono
de vozes as mesmas, de toda manhã.
Enquanto espero
na janela para ver o sol contemplo seus batedores:
É um mar de fótons
que incide na cerração branca e ondulada – silhueta dos montes.
Daqui, da
minha janela, no meu serro, contemplo quantos serros, tantos quantos formam o Serro.
Como os fótons
que cada um compõe o mar de luz, eles, as brancas barbas de cada cimo.
Este é o
serro, tricentenária Serro, nostalgia de seus nativos, bucólica a seus aferentes.
Vem pro
Serro! Se do que falei, nada interessa, vem assim mesmo pro Serro, eu estou
aqui no Serro (ou será que estou aí, aí, onde você estiver?).
Vem pro
Serro, nós estamos aqui, por que estaremos onde você quiser.
Vem pro Serro,
vem pro Serro, incorporei: eu sou o Serro!
E o sol vem
chegando, vem subindo, enxotando as nuvens que formavam o mar de serração.
Vem enxotando
a nuvem de imaginação, anunciando que o devaneio acabou.
Que agora é
batente; o cimo se barbeou.
“Acorda que
a vida é real. Você já descansou, deixa a cama descasar”.
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